Estava pensando da onde saem os
amigos. Por um bom tempo achei que eles estavam no tempo de convivência, no
tempo em que você estaria ali, cara a cara com a outra pessoa. Você viveria tanto
tempo, seja no trabalho, na escola, no lar, na rua, no curso; que acabaria afetuoso
com a pessoa, não desejaria seu mal, se dedicaria a ajuda-la sem desejar nada
em troca.
Um tempo depois, achei que
amizade só nascia, de verdade, nas tormentas. Que era impossível se saber quem
é seu amigo até que você realmente necessite dele. Achei, durante este tempo,
que amizade era uma roleta russa. Um mergulho às cegas que pode ser amparado
por pedregulhos afiados ou um colchão fofinho.
Hoje eu sei que eu estava errada.
A amizade não tem um ponto de partida.
Às vezes, as horas se pode se
tornar um tempo longo o bastante para que nasça uma amizade. Em alguns casos,
ela surgirá de onde você menos espera. Daquele colega de trabalho que você
acabou de conhecer, mas ele já sabe muito sobre você; pode vir daquela pessoa
que você nunca viu pessoalmente, mas ela está lhe entregando uma carga de
confiança e ao mesmo tempo recebendo outra; pode vir de longos anos, quando
ainda éramos um feto em desenvolvimento ou de uma rápida viagem no transporte
público.
A amizade, penso hoje em dia, pode
ser uma roleta russa. Pode ser uma certeza, também. Mas ela vem quando quer.
Quando alguém resolve correr os riscos de cuidar de outro, de vê-lo sorrir mais
do que lastimar. A amizade vem de acasos, pronta para cuidar sem cobrar.
É por isto que quem é amigo, quem
sabe cuidar dos amigos, também sabe amar. Amar não tem um ponto de partida.
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